quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Impacto

"Catástrofe..."


Lembro como se hoje fosse. Tinha 6 anos e não sabia ainda que a minha vida iria mudar drasticamente em poucas horas.
Dia 11 de Setembro de 2001, a minha inocência ainda não me permitia certos raciocínios lógicos. De manhã haviam carregado toda a mobília de casa: minha cama tinha desaparecido, o armário das bonecas estava embalado, já não tinha sofá onde sentar...

A casa estava num alvoroço total: o meu pai agitava-se carregando caixas de um lado para outro (por vezes, eram caixotes enormes!); a minha mãe recebia muitas visitas e telefonemas, todas ofereciam mantas, café em garrafas térmicas, bolinhos e produtos que se levam para uma viagem; minha irmã, triste como a noite, saíra de casa para ir ter com os amigos, e eu, ali no meio, brincava como se nada fosse com o que restava daquela casa vazia. 
Da minha janela, avistava um grande camião que partiria em breves instantes, carregado. A curiosidade era alguma, mas não me preocupei, até que minha mãe me veio chamar, era hora de partir, "vamos passear, ver o lago da avó de Portugal", dizia ela.
Meteu-me uma manta pela cabeça, transportou-me até ao carro e aí me aconchegou até eu adormecer. Quando acordei, já tínhamos passado a fronteira e estávamos a caminho de Portugal. França com certeza me iria deixar muita saudade, mas eu ainda não tinha essa noção.
Chegados a Portugal, todos os canais de televisão focavam o mesmo acontecimento: Um ataque terrorista em NYC , dois aviões haviam embatido nas grandes e famosas Torres Gémeas, que eu na altura não sabia o que eram nem para que serviam. Naquela caixa a cores via em direto a transmissão de pessoas a saltar dos andares mais altos, mas todo aquele alvoroço fazia-me rir, tempos de criança, quem não os recorda com saudade?

Sem comentários:

Enviar um comentário